quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Por que votaremos NULO em Teresina ?



No ano de 2011, Teresina ensinou e aprendeu como será perfeitamente possível mudar, para melhor, a vida da classe trabalhadora. Durante vários dias, milhares de estudantes e trabalhadores/as viveram uma experiência inédita e espetacular na capital do Piauí. De maneira inédita, 30 mil pessoas, de vários matizes ideológicos, se manifestavam pelas ruas da cidade, bradando forte a palavra de ordem que nos unificava: MÃOS AO ALTO, R$ 2,10 É UM ASSALTO
02/09/2011 - Passeata retorna após ocupação vitoriosa da Câmara Municipal

Imprensa anuncia a redução da passagem e população aplaude manifestantes

Naquela histórica e vitoriosa luta, que ficou conhecida como #ContraOAumentoThe2011 conseguimos reduzir o preço da passagem de ônibus para R$ 1,90, provamos a força da nossa unidade e comemoramos a vitória no dia 02 de setembro, na Praça da Liberdade, centro de Teresina. Posteriormente, os empresários e a Prefeitura se organizaram para combater o #ContraOAumentoThe2012 e contaram com a ajuda de traidores/as do movimento, nas sua maioria membros do PT e do PCdoB, que passaram 13 horas comendo petinhas com o Prefeito Elmano Férrer(PTB), participando de uma farsa que ficou conhecida como Golpe do Acordão, que reduziu outra vitória iminente a uma  mera “conquista” da falsa integração das linhas de ônibus em 2012.

Comemorando a vitória do #ContraoAumentoThe2011 na Praça da Liberdade

Mesmo assim, como um rastilho de pólvora, as lutas de Teresina repercutiram em todo o país, as imagens rodaram o mundo inteiro e em 2013, eclodiram em todo o país as Jornadas de Junho, que nos encheram de esperança nas lutas que, posteriormente, foram manipuladas, controladas e dirigidas pela direita no poder e na oposição. Utilizando todo o seu aparato ideológico e repressor, com apoio dos grandes empresários do país, em especial os da FIESP e da FIRJAN, a turba enfurecida que se mostrava ansiosa por acabar com a corrupção foi induzida a se revoltar com a suposta esquerda que estava, junto com a direita, no governo de plantão, da qual Dilma simbolizou a queda.

Repercussão nacional do #ContraOAumentoThe2011



Imagens do #ContraOAumnetoThe2012 percorreram o Mundo inteiro

Identificar o Governo Dilma (PT) como sendo de esquerda, mesmo implantando um programa de direita, foi muito fácil pra burguesia nacional, que controla os grandes meios de comunicação. O Golpe que derrubou Dilma tinha um grande objetivo: acelerar a retirada de direitos da classe trabalhadora, o que o governo colaboracionista fazia em marcha lenta, pois precisava dar explicações e enganar as bases dos movimentos sociais dos quais surgiu Lula, que catapultou Dilma ao poder. Os empresários têm pressa e não querem pagar a conta da crise que eles mesmos criaram.  Um governo somente com a direita tradicional não precisa dar explicações.

FORUM ESTADUAL EM DEFESA DO TRANSPORTE PÚBLICO

A grande debilidade de muitos “revolucionários” consiste em sua absoluta incapacidade de entusiasmar-se, de elevar-se sobre o nível rotineiro das trivialidades, de fazer surgir um vínculo vital entre eles e os que o rodeiam. Aquele que não pode incendiar-se, não pode incendiar sua vida e nem a dos demais. A fria malevolência não é o bastante para apoderar-se da alma das massas. Muitos revolucionários contemplaram a revolução com um invejoso espanto. É que a vida pessoal dos revolucionários dificulta sua percepção dos grandes acontecimentos dos quais participam. Mas as tragédias das paixões individuais exclusivas são demasiado insípidas para o nosso tempo. Porque vivemos em uma época de paixões sociais.   Leon Trotsky


Desta forma, não nos iludimos de que sejam possíveis grandes mudanças através da participação no jogo de cartas marcadas das eleições burguesas. No atual período, em que há uma ofensiva descomunal do Governo Temer para retirar nossos direitos históricos, da utilização dos casos de corrupção do PT para manchar a esquerda, do visível espaço que a direita reacionária vem ocupando no país, qualquer processo eleitoral tende a nos ser muito desfavorável. Estamos sob intenso ataque do inimigo. A tendência é que sejam eleitos prefeitos e vereadores ainda mais conservadores, reacionários e corruptores que os atuais, infelizmente. A esperança está na luta...


1º de Maio 2016: A esperança está na luta!

Desde o mês de abril, na preparação da manifestação do dia 1º maio de 2016 que a nossa organização política Ruptura Socialista, que reivindica a perspectiva da esquerda revolucionária, vem tentando construir uma Frente de Esquerda Socialista em Teresina. Embora não façamos parte de nenhum partido com registro eleitoral, entendemos que a ocupação desse espaço com um programa de esquerda, comprometido com a classe trabalhadora, é importante para o debate político com a nossa classe, que produz toda a riqueza e dela não usufrui. Neste sentido, tentamos dialogar com o PSOL, PSTU e PCB para que unificassem as candidaturas, de maneira a fortalecer o campo da esquerda socialista nas eleições de Teresina. Assim poderíamos diminuir os efeitos não só das regras eleitorais injustas como a do coeficiente eleitoral e o tempo de TV, por exemplo, mas também potencializar uma só candidatura majoritária (a Prefeito) e várias candidaturas proporcionais (a vereador).
1º  de maio Classista em Teresina: tentando construir a Frente de Esquerda Socialista

Quem primeiro rejeitou a proposta foi o PSTU, que já vinha sofrendo com mais uma divisão interna que desta vez, teve caráter nacional e dividiu o partido praticamente ao meio, dando origem ao MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista). Em seguida, o PSOL também lançou candidatura própria. O PCB foi o único partido que manifestou pleno interesse em construir uma Frente de Esquerda socialista, nas lutas e nas eleições. Ao final, esse último partido terminou por não lançar nenhuma candidatura nestas eleições municipais.

Temos hoje em Teresina, 07 candidaturas a Prefeito homologadas. A direita tradicional tem três candidaturas com algum volume de campanha e uma candidatura folclórica para captar o voto de “protesto sem causa”. O candidato preferido da burguesia local já governou a cidade por 12 anos, teve seu nome citado na Lista da Odebrecht, mas não será incomodado pela Operação Lava Jato, pois pertence ao PSDB.

 No espectro da esquerda que se reivindica socialista, temos em Teresina 06 (seis) organizações que se posicionam com alguma tática eleitoral em 2016: organização Ruptura Socialista e o MAIS, (ambos sem registro eleitoral), o PCB (que pode, mas não lançou candidatura), o PSTU, o PSOL e o PCO. Foram lançadas 02 candidaturas inexpressivas que funcionam como “balão de ensaio”, com o propósito de apenas “cumprir tabela” e/ou construir suas respectivas agremiações (PSTU e PSOL). Além de outra candidatura folclórica, que cumpre a função de descaracterizar a esquerda socialista, servir de apoio ao PT e captar os votos de “protesto com causa”.

Esses projetos, sejam eles auto proclamatórios ou meramente de sobrevivência, não nos interessam como tática eleitoral. A organização política Ruptura Socialista, como se percebe, vem se esforçando para utilizar o método materialista histórico e dialético ao analisar, caracterizar e se posicionar, na prática, em cada momento importante da luta de classes. Não iremos assinar cheque em branco para nenhuma das candidaturas da direita, seja mais ou menos corrupta, mais ou menos truculenta. A esquerda socialista preferiu lançar candidaturas isoladas e se negou a construir uma perspectiva unificada, que seria a tática mais indicada para o momento.

A nossa orientação para nossos/as militantes e simpatizantes é de VOTAR NULO para Prefeito e vereador em Teresina, pelos motivos já expostos. Entretanto, continuaremos dando batalha pela construção de uma Frente de Esquerda Socialista, nas ruas, nas lutas e nas próximas eleições.

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