sábado, 28 de novembro de 2020

SEGUNDO TURNO EM TERESINA: Para quem governará o próximo prefeito?



A classe trabalhadora foi derrotada mais uma vez nas eleições municipais de Teresina. Não há nenhuma novidade nisso. Seria muita ingenuidade imaginar que, numa sociedade baseada na exploração do trabalho por aqueles que detém o controle dos meios de produção, haveria um sistema eleitoral que permitisse o acúmulo de poder para legítimos representantes da classe que é explorada. Não, essa não é a tarefa do sistema eleitoral e nem da democracia burguesa. As classes sociais têm interesses antagônicos e inconciliáveis. Seria uma tola ilusão imaginar que a classe dominante permitisse e resolução de nossos problemas através das eleições burguesas. 

Por outro lado, o processo eleitoral é um momento privilegiado de debate sobre como funciona a FALSA DEMOCRACIA das eleições, baseada na mentira e na compra direta e indireta de votos e consciências. Também é importante para se fazer a discussão programática e, nos raros casos em que é possível eleger um representante da nossa classe, utilizar o mandato como ponto de apoio para as lutas que, estas sim, poderão trazer as mudanças que precisamos. 

Os três primeiros colocados na eleição para prefeito em Teresina são exemplos importantes de como discursos falaciosos resultam em votos e enganam eleitores incautos. Pessoa (MDB - 34,53%), Montezuma (PSDB - 26,70%), Gessy (PSC - 12,14%) fazem parte de partidos de empresários e flertam com a extrema direita. Defendem projetos muito semelhantes e alinhados com a exploração e a opressão da maioria do eleitorado, composto pela classe trabalhadora e o povo pobre. Os(as) três são bolsonaristas, mas vêm tentando esconder a admiração e identificação com o governo neofascista de milicianos e militares corruptos que se locupletam no Palácio do Planalto, porque em todo o Brasil quem se aproximou de Bolsonaro perdeu votos.

Um princípio muito mais importante e duradouro precede à decisão sobre como votar no segundo turno e se expressa na seguinte questão: na luta de classes, estas candidaturas estão a serviço dos empresários e seus governos ou da classe trabalhadora?

Quando o voto nulo é um voto de classe

Desde o primeiro turno, a organização política Ruptura Socialista decidiu pedir votos para candidaturas que representam a classe trabalhadora explorada e oprimida. Quando votamos e defendemos Lucineide Barros para Prefeita e Brenda Marques para vereadora, ambas do PSOL, partimos deste princípio, que é fundamental para não votar errado. Nosso voto é classista e socialista. Não acreditamos ser possível haver justiça social sem a luta pela emancipação dos(as) trabalhadores(as) e a socialização dos meios de produção. Por isso apoiamos candidaturas que fortaleçam as lutas da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre. 

Kleber Montezuma tem posicionamentos e práticas de inspiração fascista, costuma falsifi car informações para destruir adversários, exerce a corrupção desenfreada e impiedosa perseguição política a quem se opõe à sua truculenta forma de gerir a coisa pública, com extremo autoritarismo e incontrolável obsessão pelo poder absoluto. Faria um governo ainda mais corrupto que o de Firmino. O apoio de Ciro Nogueira(PP) aumentou mais ainda a sua rejeição. 

Dr. Pessoa ainda não atuou no poder executivo municipal, mas junto com a sua equipe, formada por Themístocles(MDB) e João Henrique(MDB), não deixa dúvidas de que também governarão para os grandes empresários que fi nanciam e apoiam a campanha. A burguesia já escolheu quem será o prefeito que irá garantir os seus interesses e investirá nisso. Quem paga a banda escolhe a música. 

Quanto mais votos a burguesia obtiver nas suas duas candidaturas, mais fortalecida estará para nos explorar e retirar cada vez mais direitos. Votar em qualquer uma das duas candidaturas bolsonaristas é fortalecer, por exemplo, a Reforma Administrativa de Bolsonaro que, dentre outros ataques, acaba com a estabilidade no serviço público, privilegia os cabides de empregos, ameaça os já reduzidos salários, carreiras e concursos. 

Não reconhecer o antagonismo entre as classes sociais reforça uma ideia de neutralidade muito perigosa. A burguesia não é neutra e precisa manter o controle do poder estatal, do poder municipal, para fortalecer a falsa consciência de que este poder é neutro, imparcial. O opressor necessita de aliados (ou alienados) entre os próprios oprimidos para se tornar cada vez mais forte. Votar em qualquer um dos representantes da classe dominante que disputam o poder municipal fortalece a exploração e opressão e respalda os ataques contra a classe trabalhadora, que certamente virão, independente de qual candidato vença a eleição. 

Nesta situação, em que não temos nenhum candidato de partidos que defendem interesses da classe trabalhadora disputando a eleição no segundo turno, o voto NULO é uma forma de expressar a consciência de classe e não reforçar o respaldo que a classe dominante pretende obter com a maior quantidade possível de votos nas urnas.

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