terça-feira, 18 de outubro de 2016

Eleições municipais: uma vitória indispensável dos partidos mais corruptos do Brasil.

O risco de 70 ANOS DE RETROCESSO EM NOSSOS DIREITOS e do Golpe de misericórdia na soberania nacional!


      Na imensa maioria das cidades, o poder municipal  será exercido, nos próximos quatro anos, pelos dez partidos mais corruptos do Brasil. Este foi o resultado do 1º turno das eleições municipais de 2016 no Brasil, conforme dados do próprio TSE. 

Partidos mais corruptos & Partidos que mais elegeram Prefeitos



     O resultado eleitoral do primeiro turno das eleições municipais "respalda" e materializa mais uma etapa do plano que vem sendo executado no país, no sentido de acelerar os ataques e aprofundar o processo de extração da mais valia da classe trabalhadora retirando nossos direitos históricosA primeira etapa foi cumprida através do esforço conjunto das instituições brasileiras mais poderosas para depor, através do processo de impeachment, o governo frentepopulista de Dilma (PT). 

      O desgaste provocado pela Operação Lava Jato e as ofensivas de mídia que levaram milhares de manifestantes às ruas para protestar contra a corrupção dos Governos Dilma e Lula influenciou bastante o resultado das eleições municipais de 2016. O PT perdeu mais da metade das prefeituras que dirigia no país, caindo de 629 que dirigia para 255 prefeituras nestas eleições. Já o PSDB passou de 685 para 793 prefeitos eleitos. 


     O PMDB ("medalha de prata" no ranking da corrupção) continuará sendo o partido com o maior que número de prefeitos no país. O PSDB ("medalha de bronze" no ranking da corrupção) e o DEM ("medalha de ouro" em corrupção) completam o pódio dos partidos que estarão governando, juntamente com seus aliados, a imensa maioria dos municípios brasileiros.

     O segundo turno ocorrerá em 55 cidades, sendo que o PSDB está na disputa em 19 delas (sendo 08 capitais), o PMDB em 14 (sendo 06 capitais), o PSB em 9 e o PT em 07, da mesma forma que PSD e PPS. dessa forma, o quadro não irá se alterar.


       O resultado eleitoral não é muito diferente em relação ao legislativo municipal, pois dos 52.777 vereadores(as) eleitos(as) no Brasil, 41.430 pertencem aos 10 partidos listados na tabela abaixo, também classificados nas primeiras posições do ranking da corrupção.


      Apenas quatro partidos estão livres de denúncias de qualquer envolvimento com doações de empreiteiras, seja na Operação Lava Jato, lista da Odebrecht ou no esquema esquema da Petrobras. São justamente os partidos da chamada esquerda socialista: PSOL, PCB, PSTU e PCO. Entretanto, a lógica do estelionato e da corrupção eleitoral se repetiu mais uma vez e os partidos que não se envolveram em casos de corrupção foram exatamente os que menos votos conquistaram


     O processo de desgaste do governo deposto, seja nas ruas, na grande mídia ou nas redes sociais, teve um fortíssimo componente anti partidário. ONGs e movimentos como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o MVPR (Movimento Vem Pra Rua) financiados por organismos internacionais e partidos de direita, além de grupos fascistas e pseudoanarquistas, hostilizavam bandeiras de partidos nas manifestações de rua na mesma proporção em que ideias apartidárias eram veiculadas na imprensa. Posteriormente, estas lideranças "sem partido" vieram a se candidatar (algumas foram até eleitas) pelos partidos mais corruptos da direita. 

     Os partidos da esquerda socialista também foram prejudicados eleitoralmente, não só pela associação ao "suposto" governo de esquerda de Dilma(PT), mas pela defesa intransigente e coerente dos seus respectivos programas e bandeiras partidárias.

       O voto de legenda nos partidos da esquerda socialista (PSOL, PSTU, PCB e PCO) muitas vezes tem representado certa afinidade ideológica e/ou programática do eleitor com essas organizações. O forte sentimento de apartidarismo, incentivado no último período, embora tenha prejudicado estes partidos, apresentou um dado importante, em relação ao PSOL, que ultrapassou o PCdoB em votos de legenda no país. (Quadro abaixo)




     Embora haja ocorrido um crescimento das abstenções, votos nulos e brancos, principalmente nas grandes capitais, isto não representou nenhum fenômeno que escapasse ao controle dos mentores do Golpe institucional que avança em mais uma etapa a partir do resultado das eleições municipais de 2016.

    Configura-se, desta maneira, a permanência dos partidos mais corruptos do Brasil à frente da imensa maioria das prefeituras. Resultado de suma importância para o projeto em curso no país, que contou com ajuda do Governo Temer e vários governos estaduais, dentre eles, o do petista W. Dias no Piauí, plenamente sintonizado com o PSDB de Firmino Filho, que venceu as eleições em Teresina logo no primeiro turno.


PT e PP crescem no Piauí
e Esquerda Socialista sofre derrota eleitoral significativa.

    No Estado do Piauí o PT aumentou o número de prefeituras em que elegeu prefeitos, saindo de 21 para 38, embora tenha perdido em Parnaíba, a segunda maior cidade do estado. Pode até parecer que esse crescimento seja um aparente "ponto fora da curva" nas estatísticas do PT nestas eleições municipais no Brasil. Porém, o Governador do estado, Wellington Dias (PT), além de ter uma relação muito próxima com Firmino Filho (PSDB), eleito pela quarta vez a Prefeito da capital piauiense, vem mantendo uma sintonia muito grande com as mudanças reacionárias que ocorrem no país. 


      A sintonia de W. Dias(PT) com o projeto conservador e de austeridade econômica implementado no país não se manifestaram apenas na "ajudinha" que deu à vitória de Firmino(PSDB) no primeiro turno, acelerando obras conjuntas e dando declarações de que  candidato tucano venceria no primeiro turno, justamente no auge da disputa (http://jornal.meionorte.com/politica/wellington-dias-diz-que-a-tendencia-e-firmino-ganhar-no-primeiro-turno-295695)No início do ano, o petista também teve que enfrentar a Greve na UESPI, em resposta à Lei 6772/2016, que antecipava no Piauí, os ataques do PL 257 e da PEC 241. 


         Porém, o maior crescimento registrado no Piauí foi do PP, da vice governadora Margarete Coelho, que governava em apenas 09 prefeitura e venceu as eleições em 40 municípios em 2016.  Já o PSB reduziu em 20 prefeituras (venceu em apenas 34) e o PTB também perdeu 20 administrações (venceu em apenas 21).  Uma comprovação de que o partido que governa o estado tem enorme influência no número de prefeituras em que este vence as eleições.


        A cidade de Teresina concentra praticamente a metade do Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Piauí. Uma vitória na capital, sem nenhuma dúvida, é objeto de negociação entre os maiores partidos de direita (e, como já vimos, os mais corruptos) em especial, PSDB, PMDB e, inclusive, o próprio PT. Esse entendimento, que faz parte do "jogo de cartas marcadas da democracia burguesa", e que é a essência da "democracia dos ricos" demonstrou nitidamente no processo eleitoral, a decisão da burguesia de continuar com Firmino (PSDB) à frente do executivo municipal por mais 04 anos, vencendo logo no primeiro turno, sem  nenhum adversário verdadeiramente competitivo.



         Se um dos polos conscientes da luta de classes, ligado aos grandes empresários, conseguiu "se entender" na tática eleitoral, o mesmo não ocorreu no outro polo, o da esquerda socialista, que insiste em permanecer no campo das lutas da classe trabalhadora. Em Teresina, os 04 partidos com registro eleitoral (PSOL, PCB, PSTU e PCO),  a nossa organização Ruptura Socialista e o MAIS (Movimento ) não conseguiram construir a Frente de Esquerda Socialista, apesar do nosso esforço e do PCB, que terminou  nem lançando candidaturas.


        O resultado eleitoral não é o principal indicador do crescimento e fortalecimento dos partidos de esquerda, no entanto, seria uma tolice maior ainda desprezá-lo. A repetição da tática de 2012, por parte do PSTU e do PSOL, revelou uma dificuldade em compreender a conjuntura adversa pela qual estamos passando. O Golpe institucional em curso, o recrudescimento das lutas e o fracionamento da esquerda socialista requeriam a unidade numa Frente de Esquerda nas lutas e nas eleições. 


      Em Teresina a tática eleitoral da esquerda socialista foi desastrosa e representou uma importante redução da audiência. Das eleições municipais de 2012 até 2016 foram acrescidos 23.963 eleitores registrados em Teresina. Somados todos os votos da esquerda socialista em 2012 foram obtidos 13.550 votos para o cargo de Prefeito. Em 2016, essa votação caiu para 8.641 votos. O eleitorado aumentou e a votação da esquerda socialista diminuiu em 4.909 votos em Teresina, sendo que PSTU e PCO (que em 2012 fez frente com o PCB) obtiveram a maior derrota eleitoral. (quadro abaixo)  
          

Quadro comparativo do resultado das eleições municipais de Teresina em 2012 e 2016

      Contrariando o que ocorreu nas grandes capitais do país, o somatório das  abstenções, votos nulos e brancos apresentou uma redução 9.943 eleitores em 2016, embora os votos nulos tenham crescido dois pontos percentuais. 



Por que é tão importante que
os partidos mais corruptos permaneçam no poder?


    Enquanto estava no governo, Dilma(PT) e seus aliados da direita vinham tentando implementar o ajuste fiscal e implementar vários ataques que representavam retiradas de direitos da classe trabalhadora, porém, pressionado pelas bases dos movimentos sociais, as mudanças não estavam ocorrendo na velocidade desejada pelos grandes empresários que financiaram a campanha eleitoral de Dilma e da oposição de direita. Dessa forma, a direita no governo e a direita na oposição planejaram o Golpe institucional que vem sendo posto em prática . 



    Temer (PMDB) assumiu a Presidência da República com a ajuda das forças mais poderosas da sociedade brasileira. As eleições municipais foram utilizadas para "legitimar" nas urnas os ataques que estamos sofrendo agora, como a aprovação de PEC 241, que vem sendo chamada de "PEC da Morte" e foi aprovada em primeiro turno na Câmara do Deputados com 366 votos a favor, 111 contrários e apenas duas abstenções. 

    Durante a votação da PEC 241, a tranquilidade dos parlamentares dos partidos que lideram o ranking da corrupção, aliada à truculência e arrogância do Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), ameaçando manifestantes que estavam nas galerias e até mesmo os deputados da oposição, demonstraram nitidamente o papel que cumpriu o resultado das eleições  municipais.


  Fortalecidos pelos resultados das eleições municipais, os partidos mais corruptos determinaram, com maior tranquilidade, que seus parlamentares votassem a favor da PEC 241, que congela os gastos públicos em Saúde, Educação, Assistência Social e outros setores vitais para a classe trabalhadora, para garantir a manutenção dos lucros dos grandes empresários e banqueiros nacionais e internacionais. 



       O próximo passo do Golpe Institucional, ainda mais fortalecido pelo estelionato e a corrupção eleitoral, será aplicado contra a classe trabalhadora brasileira com a entrega de nossas principais riquezas naturais (petróleo/pré-sal e água/aquífero guarani) aos grandes empresários dos países imperialistas e a acelerada e exacerbada retirada de direitos trabalhistas, conquistados nas lutas pelos/as trabalhadores/as nos últimos 70 anos. 

   Para aumentar os lucros das empresas destes mesmos empresários, a serviço de quem agem as instituições dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Imprensa e o aparato repressor (Forças Armadas), hoje tramitam 55 projetos no congresso, em velocidade assustadora, somados à utilização de MPs como a da Reforma do Ensino Médio, que ameaçam direitos históricos como o 13º salário, férias, licença maternidade, aposentadoria, salário mínimo e inúmeras outras conquistas da legislação trabalhista.

        A perda total da debilitada soberania do país, com a privatização e a entrega de nossas reservas naturais e de setores estratégicos da nossa economia, como a energia, saúde, educação e abastecimento, principalmente da água, cumprirão a tarefa de implementar a terceira etapa desse plano maquiavélico, iniciado com o Golpe disfarçado de impeachment.



     Resta saber se a esquerda socialista, que não foi capaz de se unificar no terreno minado das eleições burguesas nas eleições municipais, conseguirá se unificar nas lutas e mover uma parte significativa da nossa classe para resistir a esse processo que ameaça nos condenar a 70 anos de retrocesso em nossos direitos. É hora de intensificar as ações para construir a Greve Geral que irá parar o país. Como previsto, nada mudou com a eleição, vamos ter que parar a produção.


. FORA TEMER! 
. NEM GOLPE INSTITUCIONAL NEM ESTELIONATO ELEITORAL !
. UNIFICAR A ESQUERDA SOCIALISTA E CONSTRUIR A GREVE GERAL!


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