Unir a esquerda e construir a GREVE GERAL!
Entenda
porque a burguesia quer a antecipação das eleições!
Estará incompleta qualquer análise e/ou
posicionamento político no contexto nacional que precede a votação da
admissibilidade do processo de impedimento (impeachment) de Dilma(PT) no
Senado, que não leve em consideração os interesses antagônicos entre
a burguesia (grandes empresários) e o proletariado (classe que produz toda a
riqueza da burguesia). Sob esse prisma que, para além disso, é um método
científico de analisar e interferir na realidade, temos a compreensão de que o
impeachment favorece muito mais ao polo consciente que é a burguesia, como
classe dominante. O outro polo da luta classes, o proletariado e, ampliando
mais um pouco, a classe trabalhadora que vive de salários injustos, será mais
prejudicada ainda por esse desfecho anunciado e hipótese mais provável.
Para quem governa o PT?
Com a chegada do PT ao poder, teve início no Brasil um ciclo que vem aprofundando uma falsa consciência na classe trabalhadora. Ou seja, por ser um governo de colaboração de classes, os trabalhadores não percebem que ele está a serviço da burguesia. Imaginam, inclusive, que o governo é seu, pelo fato de ter à frente um operário e, atualmente, uma militante e ex-guerrilheira que foi torturada no período da ditadura militar. Nada mais falso para um governo de colaboração de classes.
Desde 2003 até hoje a
burguesia (grandes empresários) vem mantendo confortavelmente suas grandes
fortunas e aumentando cada vez mais seus lucros. Lula e seu vice, o empresário
José Alencar (grande empresário, já falecido, que se posicionou a favor do
golpe militar contra João Goulart em 1964) mantiveram a política econômica de
FHC, fizeram a reforma da previdência e atenderam as principais exigências do
empresariado. A classe trabalhadora, no entanto, vem perdendo cada vez mais
direitos.
O PT tem ainda bases sólidas nas maiores organizações sindicais, populares e
estudantis do país. As direções CUT, MST e UNE, por exemplo, outrora
canalizadores de movimentos contestatórios e contrários à ordem capitalista,
passaram a funcionar como correias de transmissão das políticas do governo, a
serviço da burguesia nacional e internacional. Porém, sempre houve alguma
pressão das bases dos movimentos sociais, à medida que a classe trabalhadora
sofria ataques do governo petista. Entravam em ação os "mecanismos de
controle social".
Charge do ano de 2005 |
As grandes empreiteiras, o agronegócio e os
banqueiros, estreitamente ligados à direita, mantinham assim o governo do PT
sob controle, garantindo seu enriquecimento crescente e destinando à classe
trabalhadora as migalhas de políticas compensatórias (bolsa família e
similares) que se tornaram permanentes e ataques brutais aos direitos
trabalhistas, bem como uma forte repressão a lutadores(as) do campo que se
opunham aos interesses dos latifundiários e agroexportadores e da
criminalização dos movimentos sociais, que culminou com a absurda Lei
13.260/2016 que caracteriza manifestações sociais como terrorismo.
Fundado em 1980, o PT, à época, não permitia empresários no seu quadro de
filiados. Mantinha, dessa forma, fidelidade ao princípio da independência de
classe, embora jamais tenha sido majoritariamente socialista. Aliás, as
correntes mais à esquerda, que existiam dentro do PT, já foram expulsas ou se
afastaram, durante o processo histórico de adaptação do partido à ordem
burguesa. E, como já vimos, isso faz parte do passado.
Quando um governo diz servir a duas classes sociais, uma delas está sendo
enganada. O "Brasil para todos" tem servido à burguesia nacional e
internacional. Esta é a verdadeira identidade dos governos do PT, que
classificamos como governo de Frente Popular ou governo de colaboração de
classes.
Um golpe não justifica o outro!
Nem a direita no poder, nem a oposição de direita!
Durante o Regime Militar no Brasil o bipartidarismo de ARENA e MDB fez
parte de uma série de mecanismos de controle social. Enquanto os
militares intimidavam, perseguiam, torturavam e eliminavam quem lutava
contra a ditadura, passavam a falsa ideia de que o Brasil era um país
democrático, pois tinha até um partido de oposição "consentida". As
organizações que lutavam por eleições diretas em todos os níveis atuavam na
clandestinidade.
A história revelou a verdade: os governos militares estão entre os mais corruptos da nossa história e ARENA e MDB faziam uma falsa polarização, embora houvesse algumas diferenças importantes entre os dois partidos.
A história revelou a verdade: os governos militares estão entre os mais corruptos da nossa história e ARENA e MDB faziam uma falsa polarização, embora houvesse algumas diferenças importantes entre os dois partidos.
Estamos passando no Brasil por uma situação
não-revolucionária, com fortes tendências reacionárias. Os dois blocos que
disputam o poder no país, são financiados pela burguesia e manipulam multidões
de trabalhadorxs para a falsa consciência de que tais blocos estariam em polos
contrários. Numa analogia grosseira, é como se, numa decisão de campeonato brasileiro
de futebol, a grande mídia tentasse convencer às torcidas de Corinthians e
Flamengo de que um dos dois poderia ser campeão numa partida final de
campeonato brasileiro entre Botafogo e Vasco.
Os reacionários e legalistas de plantão, em especial a oposição de
direita, afirmam que o impeachment não é um GOLPE. Setores da esquerda
defendem que, pelo fato de o PT não governar para a classe trabalhadora, também
não pode ser considerado um GOLPE, pois a mesma classe continuará no poder. Esse
reducionismo é muito perigoso! Daqui a pouco estarão associando
IRRESPONSAVELMENTE o impeachment como se fosse a garantia de "mandatos
revogáveis a qualquer momento" na Comuna. Esquecem o papel político que
vêm desempenhando o Congresso e o Judiciário corruptos. Esquecem que 16
governadores praticaram "pedaladas fiscais", da mesma forma que
Dilma. Esquecem que os militares, a serviço da burguesia, após a renúncia
de Jânio Quadros(bem que tentaram fazer Dilma renunciar) forçaram o Congresso
Nacional a mudar o sistema político de presidencialismo para parlamentarismo
para que Jango não assumisse o governo. E nem foi necessário pegar nas armas. É
o que chamamos de "golpe institucional" ou "golpe
democrático". Isso ocorreu em 1961.
Não é necessário mudar o regime para se considerar um golpe. Num
regime presidencialista de um governo burguês, o impeachment não se
justifica tão facilmente. Assim, o parlamentarismo durou apenas 02 anos e, após
o Golpe Institucional veio outro golpe, o Golpe Militar de 1964. Nesse caso
houve a mudança de regime, que cairia em 1985 com a força da Campanha das
Diretas, já!
Quem
são os conspiradores do Golpe Institucional de 2016?
O Golpe Militar se mostrou importante para que a burguesia
nacional e internacional consolidasse seus interesses, atingindo seus objetivos
monopolistas.
A evolução do capitalismo monopolista provocou divisões internas
na Burguesia. Embora todos os setores tenham tido vantagens, outros obtiveram
vantagens ainda maiores. acarretando posicionamentos diferentes dentro da
própria alta burguesia. Assim, na dissociação entre a burguesia e a ditadura, a
ditadura foi usada para atingir um novo regime em 1985, não em defesa da
democracia", mas porque o regime democrático se fez um "mal necessário"
para que o Capital se movimentasse sem restrições.
A concentração do capital nas mãos das grandes empresas
(alta burguesia) não agradou aos setores "menos privilegiados",
gerando um clima de insatisfação que fez surgir novas formas de manifestações,
que cresceram a despeito das repressão policial, militar e política da
república institucional. Porém, esses movimentos não passaram do espontaneísmo,
e não chegaram à organização dessa rebeldia a ponto de avançar numa perspectiva
revolucionária.
Os militares perceberam que a ditadura arruinou a sociedade
brasileira e que havia reações contrárias à sua continuidade. Também não
era de interesse dos estratos burgueses, criar situações difíceis para as
ditaduras. Dessa forma, os segmentos burgueses atuaram no sentido de favorecer
o DESENGAJAMENTO MILITAR, tornando-o progressivo e sem choques com os
militares, já que estes foram a mão armada da burguesia e a burguesia é a mão
desarmada dos militares. Essas duas mãos, quando necessário, se tocam e uma
lava a outra.
A burguesia encontra apoio numa rede de instituições legais, que
representam uma ilegalidade, facilmente controlada num processo de transição, a
partir de uma das elites culturais, políticas e econômicas dos estratos
burgueses.
Os partidos, ou foram criados para serem partidos da manutenção
da ordem, ou são impedidos de se manifestar contra a "ordem" vigente,
de assumirem sua real identidade, devido às manipulações impostas pela
legislação burguesa. Porém, isso não impediu que as forças vivas da sociedade
eclodissem no início da década de 80. A capacidade de articulação dos partidos
é importante, mas milhões de pessoas só vão às ruas se quiserem ir, se não se
contentam mais em ficar em casa.
As eleições diretas, à época, foram evitadas por conta do medo declarado que
houvesse uma condenação da ditadura, uma amplie ação das forças que
antagonizavam a ditadura, e que elas se radicalizassem de forma incontrolável.
Isso levou os militares a programarem um processo de defesa do colégio
eleitoral e os principais setores da burguesia entenderam esse temor. Além
disso, a Constituinte, que foi fomada às pressas, beneficou os setores mais
reacionários da sociedade brasileira. Em síntese, os conspiradores de 1964
foram os conspiradores de 1984 que, por sua vez, são os conspiradores de
2016.
A
classe trabalhadora sofrerá o maior impacto do Golpe.
O cenário
de crise econômica internacional vem afetando profundamente o Brasil e a grande
burguesia que tem a preocupação com a possibilidade de não conseguir manter
seus lucros durante esse período. Há, portanto, a necessidade de
desregulamentar cada vez mais e retirar inúmeros direitos históricos da classe
trabalhadora brasileira. Como já desgastou bastante a imagem do PT, a burguesia
parece não precisar mais dos "serviços" da Frente Popular e quer
voltar a governar sozinha.
O governo do PT vem implementando uma espécie de "anarcodesenvolvimentismo" a serviço da alta burguesia, mas a oposição de direita pretende superar suas próprias
divergências e aplicar uma política econômica com fortes ataques à classe
trabalhadora, que ficou conhecida em alguns países da Europa com "austerosuicídio".
Como não conseguiu retornar ao poder através das eleições com Aécio Neves, tenta agora
encontrar a alternativa política do golpe "institucional", que se
utiliza de uma "brecha", muito mais estreita que o mensalão de 2005,
para justificar a intenção política de assumir o governo.
O Brasil atravessa uma grave crise política.
A Frente Popular, tendo o PT como articulador, assumiu o governo em 2003 a
partir de uma correlação de forças em que os movimentos sociais e a classe
trabalhadora manifestaram nas urnas um desejo de mudança, diante dos ataques
das políticas neoliberais aplicadas no país a partir da década de 90. A
Campanha FORA COLLOR, que unificou a voz rouca das ruas num forte e perigoso
movimento, fez, à época, com que a burguesia canalizasse a energia da
insurreição para a saída institucional do impeachment, e um presidente da
burguesia foi substituído por outro da mesma classe, por via indireta, sem
ruptura da ordem, controlando a insatisfação popular, mantendo a
estabilidade...e os lucros crescentes.
Manifestação do FORA COLLOR |
Em 13 anos de governo o PT também vem cumprindo um papel nefasto para a classe
trabalhadora, que não se resumiu ao estelionato eleitoral contra a própria
classe. Além de trair bandeiras históricas como, por exemplo, a da reforma
agrária, salário e emprego dignos, taxação de grandes fortunas e suspensão do
pagamento da dívida pública; de quebra o PT ainda “manchou” a imagem de
milhares de militantes dos movimentos sociais de onde se originou, se
envolvendo em escândalos de corrupção desmoralizantes, rifou direitos
conquistados em nome da “governabilidade” e colocou o seu governo ainda mais à
direita na Crise do mensalão em 2005, ampliando cargos de PP e PMDB.
O governo de colaboração de classes garantiu o crescimento dos lucros dos banqueiros e industriais, conformando o apoio de um bloco burguês e atrelou os movimentos sociais (CUT, UNE, MST e outros),oferecendo gordas subvenções que burocratizaram mais ainda as direções majoritárias dessas organizações, distribuiu as migalhas das políticas compensatórias implementadas durante o período de crescimento econômico. Assim, grande parte da classe trabalhadora, mesmo sendo brutalmente atacada, vem acreditando que este é o seu governo.
O governo de colaboração de classes garantiu o crescimento dos lucros dos banqueiros e industriais, conformando o apoio de um bloco burguês e atrelou os movimentos sociais (CUT, UNE, MST e outros),oferecendo gordas subvenções que burocratizaram mais ainda as direções majoritárias dessas organizações, distribuiu as migalhas das políticas compensatórias implementadas durante o período de crescimento econômico. Assim, grande parte da classe trabalhadora, mesmo sendo brutalmente atacada, vem acreditando que este é o seu governo.
Ao contrário de 1992, hoje existem 02 blocos burgueses disputando o poder no
país e dividindo a classe trabalhadora nas manifestações multitudinárias nas
ruas, sob uma suposta defesa do combate à corrupção, ambos financiados por
empreiteiras e grandes empresários que alimentam essa mesma corrupção. “Os
governos são o produto da luta entre as diferentes classes e (...) a isto se
deve adicionar que um governo, desde o momento em que se estabelece, pode durar
muito mais tempo que a relação de forças das quais nasceu. As revoluções,
os golpes de Estado, as contra-revoluções se produzem precisamente a partir de
tais contradições.” (Trotsky, 1931).
O bloco da Oposição de Direita, quer a burguesia governando
sozinha, pois não precisa mais de um governo colaboracionista, pois quer ela
própria dirigir sozinha o Estado que defende historicamente seus interesses.
Assim, está prestes a finalizar um GOLPE INSTITUCIONAL e destituir a o
governo frentepopulista de Dilma(PT), o que trará consequências ainda
piores para a nossa classe.
A
quem interessa as palavras de ordem “FORA TODOS”, “ELEIÇÕES, JÁ”?
O
polo consciente do lado burguês da luta de classes prepara a antecipação das
eleições presidenciais, para atender aos interesses do capital financeiro
nacional e internacional, bem como da mídia burguesa nacional. A Folha de São
Paulo, o jornal britânico The Economist, o jornal O Estadão, de São Paulo, o
banqueiro Roberto Setúbal (Itaú), Aécio Neves, Marina Silva (defendendo a
renúncia de Dilma) e até mesmo Lula (Rejane Dias, do PT do Piauí, também publicou nota
no Diário do Povo defendendo eleições, já) defendem a estratégia de "legitimar" nas
urnas, imediatamente, alguém que promova os ajustes ainda mais profundos contra
os trabalhadores.
Diante
dessa possibilidade, viabilizada a partir do dia 12 de maio, quando Gilmar
Mendes (notório adepto do tucanato) assumirá a presidência do Tribunal Superior
Eleitoral, onde tramita a tramitando a ação do PSDB para a cassação da chapa
Dilma/Temer, poderão ser marcadas novas eleições, caso o TSE venha a acatar o
pedido. Entra em cena Aécio Neves que, supostamente, teria feito um acordo com
Temer(PMDB) para que não pleiteasse a reeleição em 2018. As cartas estão na
mesa, mas já foram marcadas pela alta burguesia, embora Temer queira governar até o fim do mandato.
Mesmo sendo contrários ao golpe, entendemos que
tanto o governo Dilma, quanto o governo W. Dias são indefensáveis e
ambos pertencem a um dos blocos da mesma burguesia que continua a nos
atacar, em plena crise política. Nenhum dos blocos burgueses que disputam o
poder no país representa os interesses da classe trabalhadora.
Ser contra o
impeachment não significa defender o governo Dilma. E, obviamente, um governo
de frente popular não é a mesma coisa que um governo burguês típico. Ser contra
o impeachment SIGNIFICA ser contra o plano da grande burguesia, em especial seus
setores mais reacionários, de se apoderar do governo. Além disso, o PT será
transformado em "vítima" da burguesia e seu principal “opositor”.
Nós, do Ruptura Socialista, atuamos em vários setores da
luta de classes, nos movimentos sindical, popular e nas lutas da juventude
trabalhadora e estudantil. Reafirmamos aqui a importância de trilharmos o
caminho escolhido por trabalhadores (as) e estudantes que se encontram EM GREVE POR TEMPO INDETERMINADO na Universidade Estadual do Piauí - UESPI: a esperança está na Luta!
É
HORA DE CONSTRUIR A GREVE GERAL DO SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL!
NEM
GOLPE INSTITUCIONAL, NEM ESTELIONATO ELEITORAL
Movimentos
sociais devem romper com o Governo e construir a Greve Geral e parar o
país!
Por uma Frente Única de Esquerda
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