domingo, 20 de novembro de 2016

"NÃO HÁ CAPITALISMO SEM RACISMO!"

Esta célebre frase do ativista negro estadunidense Malcolm X não nos dá alternativa: se quisermos acabar com o racismo temos que destruir o capitalismo. Portanto, hoje não é somente o dia da consciência negra, é também o dia da consciência de raça e de classe.
O racismo é uma criação do capitalismo, isto é fato. Quando o branco europeu trouxe o negro africano para trabalhar de forma forçada nas fazendas das Américas, não esqueceu de criar suas justificativas para tal. Precisava fazer com que as pessoas achassem normal aquilo ali, aquela exploração. Dai adveio o racismo. E teve a Igreja como um de seus aliados. O padre Antônio Vieira dizia que a escravidão era "um estado de milagrosa felicidade, por meio do qual o africano podia se salvar do inferno", isto porque, na mente racista e oportunista dos padres, os negros eram descendentes de Cam, o filho maldito de Noé. Diziam mais, que "os negros foram escolhidos por deus e feitos à semelhança de Cristo para salvar a humanidade através do sacrifício".
Façamos justiça, não só a religião mas também a "ciência" ajudou a construir esta nefasta ideologia racista, Não foram poucos os pensadores que procuraram através de "rigorosas" pesquisas científicas a justificativa da "inferioridade" do povo negro. Os iluministas do século 18 diziam que "o negro, o selvagem, continuava a viver nos antípodas da humanidade, isto é, fora do círculo histórico e do caminho do desenvolvimento. Sexualidade, nudez, feiura, preguiça e indolência constituem temas-chave da descrição do negro na literatura científica da época". (Munanga, Kabengele, em "Negritude: usos e sentidos")

Após a abolição, os negros foram jogados na rua da amargura e tiveram que se esconder nos morros, nas favelas. Não tiveram direito a uma indenização, sequer mesmo a um emprego digno. "O censo de 1893 da cidade de São Paulo mostrou que 72% dos empregados do comércio, 79% dos trabalhadores das fábricas, 81% dos trabalhadores do setor de transporte e 86% dos artesãos eram estrangeiros" (Em: Ianni, Otávio, "Raça e classe no Brasil"). Ou seja, os negros estavam sem pátria, sem casa, sem lar e sem emprego, sem dignidade.
Além disto toda sua cultura foi amaldiçoada, sua religião era "coisa do diabo", sua dança era "perversão", a capoeira era "coisa de bandido", sua música "coisa de primitivo".
Hoje é necessária sim, uma consciência de raça, mas também de classe, o que é dificultado pelo forte aparato ideológico que ainda hoje existe. O principal é a da chamada "democracia racial", falácia que tenta fazer com que o senso comum acredite que não há racismo, que o negro e a negra teriam oportunidades iguais e que se há racismo, é um preconceito individual. Tenta esconder o racismo estrutural que impõe dificuldades para o acesso à educação, ao emprego.  
Mas urge desmascarar a mentira da "democracia racial" e mostrar que a situação atual do negro e da negra é não algo natural, não é culpa sua, é uma construção histórica. A riqueza do capitalismo foi (e é) construída sobre as costas ensaguentadas do negro e da negra afro-americano/a. Ou seja só há racismo porque existe capitalismo

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