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Coluna da Organização Pró-Ruptura Socialista na II Marcha da Periferia de Teresina (14/12/2018) |
Com a proposta de denunciar o modo como as autoridades teresinenses
tratam a população mais empobrecida da cidade, a II Marcha da Periferia de
Teresina, começou a ser planejada no início do mês de novembro ainda sob os
efeitos da derrota histórica da democracia nas eleições presidenciais de 2019,
com a vitória do neofascista Jair Bolsonaro (PSL). A primeira reunião da
coordenação da II Marcha da Periferia de Teresina foi realizada no Espaço
Esperança Garcia, centro de Teresina e que contou com participação de diversas entidades
e movimentos sociais, dentro os quais o SINDSERM e a organização política
Pró-Ruptura Socialista. Mas logo viu-se a necessidade de descentralizar e ir às
periferias, assim as outras ficaram agendadas para a região do Rabo da Cobra
(Mafrense). A região do Lagoas do Norte foi a escolhida, a Marcha saiu as 17
horas do terminal da integração que fica localizado no Bairro São Joaquim e foi
até a praça do bairro Mafrense, passando pela comunidade Rabo da Cobra.
O presidente eleito promete endurecer os ataques iniciados pelo
presidente interventor Michel Temer (MDB) a classe trabalhadora. Radicalizar
mais ainda as consequências da terceirização irrestrita e da flexibilização das
leis trabalhistas aprovadas no ano passado. Alinhado com a extrema direita em
todo mundo, Bolsonaro, promete combater todo ativismo contra as opressões,
combater movimentos LGBTQ e Feminista, ameaça acabar com reservas indígenas e
quilombolas. Seu discurso fascista fala
em endurecer as leis para “combater o crime”, o que podemos traduzir na prática
em criminalização de todos os movimentos que considera oposição e combate-los
usando a polícia e a truculência. Na periferia, esse discurso resulta em mais
mortes da juventude negra, tida estruturalmente como “potencial suspeita”. Seus assessores falam em polícia atirar para
matar, o que já acontece, mas agora com bênçãos da justiça e do executivo.
Em Teresina, o prefeito Firmino Filho (PSDB) segue com sua política de
privilegiar as classes mais abastadas da cidade. Todas as políticas do prefeito
tucano visam beneficiar grupos empresariais dos mais diversos setores: O
combate ao comércio ambulante beneficia os empresários do setor lojista; O
sucateamento de escolas, hospitais e postos de saúde beneficiam a iniciativa
privada da educação e da saúde; Nos transportes públicos, uma “parceria”
criminosa com o SETUT faz vistas grossas para um serviço de transporte público
de péssima qualidade com ônibus velhos, sem manutenção e alguns até com placas
irregulares.
Teresina é hoje uma
cidade que expulsa sua população negra para mais e mais longe do Centro e para
lugares cada vez mais de difícil acesso, sem proporcionar a ela condições
mínimas de moradia. A especulação imobiliária em nossa capital é cada vez mais
agressiva. Nos locais em que ainda há população negra e empobrecida residindo
próximo de regiões "nobres", são implementadas táticas de
gentrificação, através da retirada de aparelhos de serviços públicos como saúde
e educação e são fechados postos de saúdes, creches e escolas e encarecimento
dos serviços. Esse processo de “higienização”
e eugenia, pretende que a cidade venha a parecer cada vez
mais “branca e higiênica”. Nesse contexto surgiu a necessidade de as reuniões
serem feitas em locais onde a resistência negrada da periferia está mais
atuante. A comunidade Rabo da Cobra, na região do projeto Lagoas do Norte, foi
escolhida por haver uma resistência a uma desocupação por parte da prefeitura
de Teresina que pretende tirar as comunidades da região das Olarias, na zona
Norte, para mandar os atuais moradores para bairros distantes e sem estrutura e
saneamento básico.
Para o ano de 2019, ficou o compromisso de manter a mobilização e
iniciar logo cedo os novos encontros. A proposta é que a Marcha da Periferia
possa acontecer em vários pontos da cidade durante o ano para uma culminância
em novembro de 2019. Podendo assim todas as periferias da cidade ser
contempladas e mobilizar o máximo possível toda a negrada da cidade para que
possamos nos defender dos ataques quer virão a partir do próximo período com o
presidente Bolsonaro (PSL) prometendo combater todos os ativismos e aumentar a
repressão nas periferias.