segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Consciência Negra: Teresina realizará sua I MARCHA DA PERIFERIA

Racismo estrutural: a cidade não foi feita para a população negra

 

        O 20 de novembro, data nacionalmente consagrada ao Dia da Consciência Negra, é um momento de reflexão sobre como vem se dando a exploração da população negra pelo Capitalismo cada vez mais selvagem, bem como acerca dos mecanismos de dominação utilizados para a apropriação, por parte da burguesia, da riqueza produzida historicamente com o trabalho, suor e sangue de negras e negros.

         “Não há capitalismo sem racismo” dizia Malcolm X, líder negro americano. Não existiria Capitalismo sem a força de trabalho do negro escravizado nas Américas durante o período colonial e nem sem a ideologia que ainda hoje busca "justificar" este ato desumano: o racismo!

        O Brasil é um país onde é muito perigoso ser uma pessoa negra. Segundo o Atlas da Violência de 2017, dentre os 10% da população que corre mais risco de ser vítima de homicídios, 78,9% são negros, que tem 23,5% mais de chances de ser assassinados que pessoas de outras raças. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. No Piauí, a taxa de homicídios num universo de 100 mil pessoas negras é de 21,7. Já entre pessoas brancas a taxa é de 8,6 pessoas entre 100 mil.

       A população negra também sofre com a crise do capitalismo. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego entre os negros no Brasil chega a 14,4%, entre os brancos está em 9,5%. O percentual de trabalhadores com carteira assinada é maior entre brancos. Ainda segundo o IBGE, No serviço doméstico, onde a informalidade é maior, 66% dos trabalhadores e das trabalhadoras são negros e negras. Entre vendedores ambulantes, também são maioria, somando cerca de 67% do total (o que corresponde mais de um milhão de pessoas, na informalidade). 

         Em outras atividades econômicas em que também há muita informalidade e subemprego como agropecuária e construção civil, os negros e as negras também são maioria. Entre os que trabalham por conta própria representam 55,1%. Tais  situações serão ainda mais agravadas com a reforma trabalhista implementada pelo governo do presidente interventor Michel Temer (PMDB). Estes números mostram que o capitalismo não foi feito para a população negra, aliás, foi feita nas suas costas e cimentado com o sangue do povo negro. 
 
       Neste contexto a cidade também não foi projetada para abrigar a negrada. Em Teresina, onde segundo o Mapa da População Negra de 2011, apontou ser a segunda cidade com maior proporção de negros entre os moradores (71%, perdendo só para Salvador com 18%) é também um local onde condições de moradias são precárias. A periferia de nossa capital, onde maior parte dessa população negra habita, carece das mais básicas condições de habitação: Falta saneamento básico, não chega água e a iluminação é precária. 

          Todas essas condições adversas são fruto de uma exclusão histórica. Após a abolição da escravatura em 1888, os negros foram jogados na rua da amargura e tiveram que se esconder nos morros, nas favelas. Não tiveram direito a indenização, sequer mesmo a um emprego digno. "O Censo de 1893 da cidade de São Paulo mostrou que 72% dos empregados do comércio, 79% dos trabalhadores das fábricas, 81% dos trabalhadores do setor de transporte e 86% dos artesãos eram estrangeiros" (Em: Ianni, Otávio, "Raça e classe no Brasil"). Ou seja, os negros estavam sem pátria, sem casa, sem lar e sem emprego, sem dignidade. Além disto toda sua cultura foi amaldiçoada, sua religião era "Coisa do Diabo", sua dança era "perversão", a capoeira era "coisa de bandido", sua música "coisa de primitivo". 

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Periferia de Teresina
Teresina é hoje uma cidade que expulsa sua população negra para mais e mais longe do Centro e para lugares cada vez mais de difícil acesso, sem proporcionar a ela condições mínimas de moradia. A especulação imobiliária em nossa capital é cada vez mais agressiva. Nos locais em que ainda há população negra e empobrecida residindo próximo de regiões "nobres",  são implementadas táticas de gentrificação, através da retirada de aparelhos de serviços públicos como saúde e educação e são fechados postos de saúdes, creches e escolas e encarecimeto dos serviços. Esse processo de “higienização” e eugenia, pretende que a cidade venha a parecer cada vez mais “branca e higiênica”. 

          Na próxima sexta feira, dia 24 de novembro, a periferia vai ao centro e a população negra ocupará o espaço onde ela não é bem vinda. Na I Marcha da Periferia de Teresina a cultura negra vai exigir passagem e transformar novamente a Frei Serafim na Avenida dxs Indignadxs

       A concentração ocorrerá a partir das 16 horas, em frente ao prédio da Agespisa.  A marcha percorrerá toda a Avenida dxs Indignados, passando ao pé de São Benedito, um santo negro da Igreja Católica, chegando até a Praça da Liberdade, onde haverá apresentações artísticas com show de RAP, break dance, reggae, hip hop e outras manifestações e denúncias, que caracterizam a cultura de luta do povo negro.

Fora Temer & CIA!
Abaixo o golpe institucional! 
Abaixo o estelionato eleitoral!
Unir a esquerda socialista e construir a GREVE GERAL!
Revogação já, de todos os ataques do Governo Interventor contra a classe trabalhadora!
Chega de genocídio do povo negro!




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